Moço, quer dizer então que não valeu nada?

Eduardo Corrêa Riedel é presidente da Famasul, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, um dos estados mais afetados pela fabricação de terras indígenas da Funai. É também vice-presidente diretor da CNA e como tal concedeu uma longa entrevista à Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) sobre a #QuestãoIndígena no Brasil. Riedel afirma que "cada produtor tem o direito de defender a sua propriedade" e que os "produtores devem estar juntos no sentido de buscar a melhor solução".

De acordo com Riedel, a CNA tem trabalhado muito no âmbito político e jurídico em busca de soluções para os conflitos indígenas. Segundo ele, ao longo de todo esse processo, a Confederação manteve um diálogo estreito com o STF, com a AGU e com o Congresso Nacional. Ainda de acordo com dirigente, toda essa discussão da PEC 215 é reflexo de um trabalho muito forte da CNA.

Na entrevista, perguntado pelo jornalista sobre as injustiças praticadas no campo em razão da proteção dos índios, Riedel deu a seguinte resposta:

"Nós andamos nos conflitos e vemos tanto absurdo. Um exemplo que me marcou muito foi de uma senhora de um assentamento de Douradina, aqui no Mato Grosso do Sul. Ela está na propriedade desde 1954, quando Getúlio Vargas fundou o assentamento rural. Ali tem 9 mil hectares, 300 produtores de 30 hectares. A FUNAI demarcou todo esse assentamento. E eu fui lá, entrei na casa dessa senhora de 80 e poucos anos, que foi uma colonizadora da região a pedido do governo. Os filhos da mulher, com 50, 60 anos também são agricultores, trabalham no sítio até hoje e estavam lá. Ela me olhava com um papelzinho nas mãos e falava assim: “Moço, quer dizer então que não valeu nada?” O que eu poderia falar para essa senhora nesse momento? Ela foi chamada para colonizar uma gleba que Getúlio Vargas instituiu pelo Governo Federal, ela tem o título da propriedade dela e hoje ela está sendo expulsa da área dela sem indenização. Você quase desacredita do país numa hora dessas, mas respira e busca forças para poder trabalhar em cima de corrigir essas situações."

Veja a situação da área demarcada pela Funai sobre o assentamento Getúlio Vargas:

Essa área e o conflito entorno dela já foi alvo de matéria da TV Bandeirantes:





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